Torta de Cacau com Mascarpone e Natas
Há dias em que tudo corre bem…
As tarefas que se afiguraram mais difíceis no passado executam-se sem esforço e sem problema algum num determinado dia. Passa esse dia e voltam os “bichos papões” e parece que apenas fomos bafejados por uma qualquer mágica naquele tal dia que já passou e tudo volta a ser difícil, tarefa até quase impossível…
Toda esta lenga-lenga para dizer que, assim que o tema do “Dia Um… Na Cozinha” ficou decidido, eu fiquei altamente desconfortável. Sabia que um dia este tema viria “à baila” e possivelmente voltará, mas é de facto um dos meus grandes “calcanhares de Aquiles” na cozinha. Fazer tortas enroladas.
Assim sendo, entendi que deveria executá-la mais do que uma vez para praticar.
A primeira vez fiz com uma receita do livro base da Bimby e a torta ficou perfeita. Enrolei-a sem problemas, depois de ler alguns truques na Internet. Nem queria acreditar que durante tanto tempo aquele que foi um bicho-papão para mim, tinha-se tornado numa brincadeira de crianças. Nem parecia eu a enrolar uma torta, sempre tão desajeitada que sou e acabo sempre por as partir ou então elas racham todas.
Fiquei, como é natural, super contente e revelei isso mesmo no grupo do desafio onde, aliás este mês, se trocaram imensas impressões sobre a elaboração das ditas ! E fiquei confiante que, quando fizesse a versão final da Torta, tudo correria bem.
Só que entendi fazer outra massa que não a da Bimby. Eu queria fazer (e ainda o hei-de conseguir, porque a teimosia é algo que me assiste desde sempre) uma Torta Red Velvet.
Pesquisei receitas e acabei por fazer uma delas. Achei que a massa era muita para o meu tabuleiro e então fiz apenas 3/4 da massa e o restante usei para uns muffins !
A massa cozeu, tudo bem, palito a fazer o teste, massa em cima da mesa da cozinha sobre um pano húmido polvilhado com açúcar e até aqui tudo correu bem…
Mas tinha ouvido e lido em alguns locais que, por vezes, se enrola a torta para lhe dar a forma e depois desenrola-se, recheia-se e volta-se a enrolar. Bem, comecei a enrolar a torta e a dita começou a partir-se.
Sei o que me vão dizer: ah e tal, estava grossa… ou então que estava cozida demais…
Não sei! Penso que nem uma coisa nem outra… digo eu ! Tinha cerca de 1 cm de altura e esteve 13 minutos no forno, nem mais nem menos… não me pareceu demais.
Bom, continuei a enrolar numa tentativa desesperada de esconder as partes que se estavam a partir e não é que resultou ? A parte que ficou para cima no fim não estava rachada mas que o pior ainda estava para acontecer.
A torta colou literalmente e já não voltou a desenrolar… ou seja, não estava com o recheio que eu lhe queria colocar e parecia até um pouco “empezinhada” e daí ter “colado”. Restou-me um conjunto de bocados de bolo, todos partidos, em cima da mesa.
Fiquei literalmente de rastos, sem chão… eram 3 da tarde, a luz natural estava a desaparecer, eu tinha combinado uma saída nocturna e o tempo escasseava.
Tinha planeado esta “menina”com tanto carinho, estive a semana toda a ver receitas, escolhi a que me pareceu melhor e fui comprar os ingredientes com todo o cuidado, segui à risca as instruções da receita e, no fim, eu tinha uma “porcaria” em cima da bancada. Lembro e quero aqui fazer notar a preocupação da minha Filipa ao ver-me naquele estado, ela aflita a tentar compôr a torta já depois de toda partida quando a tentei desenrolar… eu tinha uma mão cheia de restos de bolo em cima da minha mesa e ela, nos seus ainda inocentes 18 anos e na pouca experiência que tem na cozinha, ainda tinha esperança. Eu não sabia se ria ou se chorava.
Era véspera do desafio (ontem), não queria faltar mas faltava-me motivação para fazer outra e já não tinha os elementos necessários para uma Red Velvet ! 🙁 🙁
Liguei à Mãe, completamente desolada, falei com ela e ela falou-me de um livro que tenho há décadas e que tem a receita da torta que ela fazia e que, segundo ela, não falha.
A Mãe não me ia enganar como aquela receita da Internet me tinha enganado, como aquele blog me tinha enganado. Não ia e, por isso, eu ia seguir cegamente os seus conselhos, como aliás costumo fazer na cozinha. Voltei ao ponto zero e comecei de novo…
O livro é o da Vaqueiro, aquele que conseguíamos antigamente com os pontos que vinham nos pacotes da margarina, lembram-se? É de lá esta receita, à qual apenas acrescentei 1 colher e meia de cacau (não quis colocar mais pois não sabia se iria alterar a textura da massa e depois estragar algo…)
É uma massa simples, eu sei, mas resultou e é isso que me interessa neste momento, porque há massas que levam “isto” e mais “aquilo”, mais “aqueloutro” e quando vamos depois a enrolar, os ingredientes não ligam e não permitem o resultado que queremos. E, digam o que disserem, a massa com base de pão de ló nunca falha.
Obrigada Mãe ! 🙂
Ingredientes:
TORTA:
- 4 gemas
- 4 claras
- 5 colheres de sopa de açúcar
- 4 colheres de sopa de farinha
- 1 colher e meia de sopa de cacau
- cacau e açúcar em pó para enfeitar
RECHEIO:
- 180 ml de natas batidas em chantilly
- 200 gr. de queijo mascarpone
- 75 gr. de açúcar em pó
Preparação:
Unte com margarina um tabuleiro ( 30 X 30 ), forre-os com papel vegetal e volte a untar com margarina. Eu ainda o polvilhei para não agarrar de todo.
Pré-aqueça o forno a 180º C.
Molhe um pano de cozinha que tenha o tamanho do tabuleiro, torça-o bem e estique-o em cima da mesa.
Polvilhe com açúcar.
TORTA:
Bata 4 gemas com 4 colheres de sopa de açúcar até obter um preparado bem fofo.
Bata 4 claras em castelo com 1 pitada de sal. Adicione 1 colher de sopa de açúcar quando as claras estiverem quase em castelo.
Misture as claras com o preparado das gemas alternando com a farinha misturada com o cacau.
Deite a massa no tabuleiro, alise a superficie e leve ao forno a cozer durante cerca de 13 minutos (conforme o seu forno deixe mais ou menos uns 2 minutos).
Molhe um pano, torça-o bem, estique-o em cima da mesa e polvilhe-o com açúcar.
RECHEIO:
Misture o queijo Mascarpone com o açúcar em pó.
Adicione o chantilly e misture suavemente.
Cubra a tigela com papel aderente e leve ao frigorífico cerca de 2 horas para firmar.
Nota: este recheio que vi na Internet, na mesma receita da Torta Red Velvet que me correu mal ficou muito liquido, não é, quanto a mim, o ideal para tortas.
MONTAGEM:
Vire o bolo em cima do pano e retire o papel vegetal. Vire o papel ao contrário que também está untado, coloque-o em cima do bolo e cubra-o de novo com o tabuleiro e deixe ficar cerca de 2 ou 3 minutos. Este procedimento ajuda o bolo a não secar demasiado para que não parta ao enrolar.
Espalhe o recheio que escolheu e depois vá enrolando com a ajuda do pano, devagar e sempre com o pano a acompanhar o rolo que se vai formando.
Decore a seu gosto. eu polvilhei com açúcar em pó e cacau, mas pode também cobrir com o recheio.
Bom Apetite !!!!