Voltamos à rubrica “Sempre a Aprender”, com uma introdução ao Chocolate de Leite, dando continuação ao artigo anterior em que tínhamos abordado o tão amado Chocolate Negro.
Chegou a vez do Chocolate de Leite tomar o seu lugar neste desfile e é dele que hoje irei falar.
Quando os nomes da indústria anunciam na televisão os seus chocolates favoritos, mostram sempre o mesmo mundo virtual com vaquinhas satisfeitas pastando em prados luxuriantes, ou jarros de onde flui leite fresco e o chocolate de leite é produzido.
Ora, a indústria da confeitaria está, de certo modo, a induzir o espectador em erro pois o chocolate de leite não é feito a partir de leite liquido mas sim de leite em pó !
Esta invenção deve-se ao empresário suíço, Henri Nestlé, fundador da Nestlé, hoje um dos mais importantes grupos do mundo na área da doçaria. Em 1867, Nestlé inventou uma forma de fazer leite em pó como substituto do leite materno.
Entre os seus amigos, contava-se o chocolateiro Daniel Peter que, de imediato, começou a fazer experiências com o leite em pó.
Em 1875 conseguiu que o primeiro chocolate de leite de sabor agradável visse a luz do dia, e a Suiça ascendeu à posição de líder mundial do chocolate de leite.
A Nestlé e a Lindt são, ainda hoje, dois dos maiores fabricantes deste popular tipo de chocolate na Suiça.
DIFERENÇAS DE QUALIDADE CONSIDERÁVEIS
Devido à presença do leite, o chocolate de leite tem uma cor mais pálida e uma consistência ligeiramente mais branda do que o chocolate negro, mas a principal diferença é ser, normalmente, muito mais doce. É isto que o torna tão popular, especialmente entre as crianças. Como o teor de açúcar é, com frequência, relativamente alto e o teor de cacau normalmente baixo, pode ser vendido a um preço mais económico do que o chocolate negro.
No entanto, seria errado concluir que o chocolate de leite é sempre um produto barato. Tal como o chocolate negro, tudo depende do tipo de sementes utilizado, da percentagem de teor de cacau e dos métodos de produção – e, evidentemente, da qualidade dos produtos lácteos.
Consequentemente, existem consideráveis variações de qualidade no seio do mercado de massas. Os Suíços e os Belgas, em particular, posicionaram-se como garantes da qualidade. Porém, tal com no resto do mundo do chocolate são, mais uma vez sobretudo, as empresas mais pequenas e normalmente jovens que estão a ganhar notoriedade com o chocolate de leite de grande qualidade.
Ao contrário das grandes firmas do sector, utilizam sementes de Trinitario e, até, de Criollo, por vezes com um teor de cacau superior a 60 % para fabricarem chocolate de leite, tal como fazem para o chocolate simples.
No entanto, para os gastrónomos dispostos a desembolsarem mais por um chocolate de leite especial existem outras alternativas disponíveis: chocolate feito com tipos especiais de leite.
Nalgumas lojas especializadas e em “boutiques” de chocolate podem encontrar-se produtos feitos com leite de ovelha e de cabra, ou mesmo com leite de búfala (absolutamente delicioso).
Qualquer pessoa que as prove, notará uma clara diferença relativamente ao chocolate feito com leite de vaca, porque o sabor é realmente invulgar.
Fonte: “O Guia do Chocolate” – Tobias Pehle e Yara Hackstein
