Associar vinhos com alimentos constitui sempre uma ciência inexata… E apresentar regras estritas é um desafio ao bom senso.
O que faz as delícias de uma pessoa pode revelar-se desinteressante para outra. A beleza está sempre mais na visão do espectador do que na própria obra. Por isso… cuidado! Aqui ficam algumas idéias para iniciar a procura desses equilíbrios delicados.
Para os chocolates pretos, algo amargos, a degustar aos quadradinhos, o ouro de um gewurztraminer vendages tardives, com aroma a fruta cristalizada e especiarias, é de um requinte extremo. A mesma experiência pode ser feita com um sauternes.
A sensação é sem dúvida floral, mas provavelmente mais capitosa e intensa.
Podem tentar-se outras associações menos complexas e, no entanto, igualmente interessantes saboreando um banyuls grand cru, servido a uma temperatura entre 12ºC e 17ºC (sobretudo, nunca abaixo), com um chocolate «Grand Cru» de origem demarcada da Tanzânia ou da Venezuela.
Na chocolateria artesanal e, por vezes, até mesmo nas grandes superfícies, encontramos «grandes» chocolates de leite que merecem algo mais do que ser mastigados activamente à hora do lanche. Deguste-os com um rivesaltes envelhecido de aroma a fruta cristalizada, pão de especiarias e mel.
Para os (bons) chocolates brancos açúcarados e generosos, experimente os portos brancos ou os vinhos licorosos.
Certos tintos acompanham muito agradavelmente os chocolates. É necessário servi-los sempre em pequenas quantidades e os seus aromas devem sublinhar os dos chocolates e não mascará-los. Deguste um quadrado de chocolate preto de 70% de cacau com um cotê-rôtie com aroma a licor de fruta e a baunilha. Faça-o igualmente com um pommard, em que os taninos fazem maravilhas com as notas moscadas do cacau.
Por fim, para não esquecer os rosés, saboreie um quadradinho de um bom chocolate de leite com um tavel de qualidade – uma sensação de frescura e de surpresa garantida.
Fonte: “Os aromas do Chocolate” de Stéphan Lagorce
